sexta-feira, 29 de julho de 2011

FUI ÀS NUVENS E DESPENQUEI

São paulo. Domingo. Final de tarde. Avenida Paulista. Livraria Cultura. Escolho alguns livros, me acomodo confortavelmente num imenso pufe lilás. Muitas pessoas andando pra lá e pra cá, outras concentradas em seus livros como eu. Percebo dois casais próximos a mim que me chamam a atenção. O primeiro casal são dois rapazes muito bonitos que estão sentados lado a lado no primeiro degrau da escadaria de madeira onde ficam alojados os pufes e banquetas. Eles trocam carinhos como beijos no rosto e cabeças encostadas no ombro. O segundo casal é composto por duas moças, que a princípio estão sentadas num pufe amarelo de costas uma pra outra, mas, talvez incentivadas pela naturalidade com que o primeiro casal se porta logo uma se deita com a cabeça encostada no colo da outra.

Observo tudo entre um livro e outro e penso "nossa, que povo mais evoluído e civilizado. Nenhum defensor da moral e dos bons costumes pra fazer cara feio ou falar alguma asneira. Que maravilha! me sinto feliz por estar aqui". Penso isso porque em Porto Alegre de onde cheguei á algumas semanas nunca vi nada igual e aqui apesar de todos os ataques homofóbicos dos últimos tempos as pessoas não se furtam de sua liberdade de expressão.

Por fim, ambos os casais se vão. Continuo ali absorto entre as palavras e meus pensamentos, com uma agradável sensação que dura até o momento em que duas adolescentes de 12/13 anos passam por mim abraçadas pelo pescoço. Duas amigas obviamente. Visivelmente ingênuas até. E atrás delas uma velha pernóstica que não dava pra distinguir se era mãe ou avó. Eis que a "distinta" senhora chega perto das meninas e solta a seguinte pérola: "Não fiquem abraçadas assim, é feio". As mocinhas então olham pra ela revirando os olhos como a que dizer "ai! nada a ver sua idiota". E muito a contra gosto elas se afastam.

Neste exato momento, além de querer dizer poucas e boas pra'quela velha ridícula, lamentei profundamente que aqueles dois casais não estivessem mais ali, e apesar de achar de extremo mal gosto demonstrações efusivas de afeto em público, eu adoraria vê-los trocando um beijo de língua bem indecente na frente dela. Mas não aconteceu. Tive que encubar o comentário maldoso e preconceituoso da fulana e a sensação agradável que me tomara de assalto momentos antes deu lugar a um sabor amargo de contrariedade e a desagradável sensação de voltar a estaca zero.

A SINGELA FELICIDADE

Depois de um exaustivo dia de trabalho, passou na padaria, comprou seis pães francês e um sonho de creme. No caminho para casa rasgou a embalagem do sonho e à primeira mordida sentiu uma imensa explosão de prazer invadir seus sentidos, jogou a cabeça pra trás e ao contemplar o céu estrelado daquela noite morna sorriu de satisfação e conseguiu entender de uma maneira doce como a felicidade pode ser simples.

SENTIMENTOS

Já parou pra pensar no significado de cada sentimento que possuímos? É possível explicar quase todos eles. E o amor será possível explicar? Analisem esses significados:

SAUDADE é quando, o momento tenta fugir da lembrança para acontecer de novo mas não consegue.

LEMBRANÇA é quando, mesmo sem autorização seu pensamento representa um capítulo.

ANGÚSTIA é um nó muito apertado bem no meio do sossego.

PREOCUPAÇÃO é uma cola que não deixa o que ainda não aconteceu sair do seu pensamento.

INDECISÃO é quando você sabe muito o que quer, mas acha que deveria querer outra coisa.

CERTEZA é quando a ideia cansa de preocupar e pára.

INTUIÇÃO é quando seu coração dá um pulinho no futuro e volta rápido.

PRESSENTIMENTO é quando passa em você o trailer de um filme que pode ser que nem exista.

VERGONHA é um pano preto que você quer pra se cobrir naquela hora.

ANSIEDADE é quando sempre faltam muitos minutos para o que quer que seja.

INTERESSE é um ponto de exclamação ou de interrogação no final do sentimento.

SENTIMENTO é a língua que o coração usa quando precisa mandar algum recado.

RAIVA é quando o cachorro que mora em você mostra os dentes.

TRISTEZA é uma mão gigante que aperta seu coração.

FELICIDADE é um agora que não tem pressa nenhuma.

AMIZADE é quando você não faz questão de você e se empresta pros outros.

CULPA é quando você cisma que podia ter feito diferente, mas geralmente não podia.

LUCIDEZ é um acesso de loucura ao contrário.

RAZÃO é quando o cuidado aproveita que a emoção está dormindo e assume o mandato.

VONTADE é um desejo que cisma que você é a casa dele.

PAIXÃO é quando apesar da palavra "perigo" o desejo chega e entra.

AMOR é quando a paixão não tem outro compromisso marcado? Não. Amor é um exagero?... Também não. Um dilúvio, um mundaréu, uma insanidade, um destempero, um despropósito, um descontrole, uma necessidade, um desapego?

É complexo explicar o sentimento do AMOR, ele é tantas coisas e muitas vezes essas coisas são diferentes em cada coração que o sente. Amar é sentir, é dar amor, receber amor. Amar não é explicar e sim deixar aproveitar esse sentimento tão maravilhoso.